segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Há cerca de uma semana, mais dia menos dia, foi aprovada pela comunidade autónoma da Catalunha (Espanha) uma lei que proibirá, a partir de 1 de Janeiro de 2012, as realização das touradas na região, por meio de 68 votos a favor, 55 contra e nove abstenções. Algo que, como é lógico, trouxe e ainda trará muita polémica, tal é a adesão da maior parte da população do meu país a esta tradição que, como já afirmei no ano passado em outro post, é, no meu ponto de vista, uma tradição cruel e egoísta.

Se por um lado fico feliz por esta vitória, por outro não deixo de sentir algum pesar pela grande suspeita que me leva a crer em motivos ocultos: como alguns saberão, a Catalunha exige já há alguns anos a separação e independência do resto da Espanha, tendo realizado recentemente uma grande manifestação em prol desta "causa" em Barcelona.

Ora, e se o real motivo para os 68 votos a favor desta nova lei não foi a preocupação pelo bem estar dos touros, mas sim o interesse pela origem de uma "nova pátria"? É que ainda não ouvi qualquer outro senhor político que se preze pronunciar-se em relação à proibição de outras práticas violentas contra outros animais, como a produção do foie gras (fígado de pato ou ganso, os quais são forçados a ingerir quantidades descomunais de alimentos por meio de um tubo que é introduzido pelo esófago adentro), um exemplo muito usado ultimamente pelos defensores das touradas para demonstrar o seu desagrado quanto à discriminação que, por outro lado, talvez tenha sido feita, pois os outros animais têm também o direito a serem tratados com dignidade.

Explorando o rosto dos touros, muitos dos deputados catalães que votaram na semana passada terão visto uma oportunidade de ouro para intensificar a discrepância que pretendem obter face ao resto da nação, de modo a atingir os seus interesses meramente políticos.

Oxalá esteja enganado em relação ao que acabei de afirmar! Quero acreditar que não houve segundas intenções, mas a dúvida persiste...

Resta-me pelo menos o concretizar do desejo que é o de ver que vários touros terão o direito a morrer, por fim, em paz e sem sofrimento, e a esperança de saber que este poderá ser mais um passo para pôr ponto final à violência contra os animais, seres que, como muitas vezes nos esquecemos, também partilham connosco o nosso mundo. E esses sim, não têm segundas intenções...

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