terça-feira, 16 de setembro de 2014


Título original: Hypnotisören

Sinopse:

Erik Maria Bark é o mais famoso hipnotista da Suécia. Acusado de falta de ética, e com o casamento à beira do colapso, jurou publicamente nunca mais praticar a hipnose nos seus pacientes e há dez anos que se mantém fiel à sua promessa. Até agora.

Estocolmo. Uma família é brutalmente assassinada e a única testemunha está internada no hospital em estado de choque; Josef Ek, de apenas 15 anos, presenciou o massacre dos seus pais e irmã mais nova, sendo ele próprio encontrado numa poça de sangue, vivo por milagre.
Nessa mesma noite, Erik Maria Bark recebe um telefonema do comissário Joona Linna solicitando os seus serviços: urge descobrir a identidade do assassino e para tal Josef deverá ser hipnotizado. Erik aceita a missão com relutância, longe de imaginar que o que vai encontrar pela frente é um pesadelo capaz de ultrapassar os seus piores receios.


Dias mais tarde, o seu filho de 15 anos, Benjamin, é sequestrado da própria casa. Haverá uma ligação entre estes dois casos? Para salvar a vida de Benjamin, o hipnotista deverá enfrentar os fantasmas do seu passado e mergulhar nas mentes mais sombrias e perversas que jamais poderia imaginar; o que tinha por difuso revela-se abominável, o que tinha por suspeito surge como demoníaco. Para Erik, a contagem regressiva já começou...


Uma leitura compulsiva carregada de suspense. Um mistério caracterizado por estranhos e inesperados contornos.

Opinião:

Estaria a mentir se afirmasse que me prendeu logo no início. Demorei muito tempo a conseguir entrar na história, em parte por causa da escrita: até me habituar, a utilização do tempo presente na narrativa constituiu, neste caso, um grande entrave à fluidez do texto.

Por outro lado, certos diálogos no início passavam-se muito rápido e verificavam-se alterações bruscas do estado emocional das personagens. Em particular não estava a gostar da relação intermitente de Erik e Simone: ora estavam zangados um com o outro (ela chega a dizer ao filho, de repente e fora de contexto, que estão a pensar separar-se!), ora estavam em modo sedução. Aliás, acabei por achar demasiado irrealista certos aspectos da forma como estas personagens agiram a partir de um certo momento-chave no enredo.

Contudo, passado um certo ponto, nomeadamente quando chega a altura do flashback, vi-me imerso no livro e acabou por ser uma boa leitura apesar das falhas.

Este é um livro bastante imprevisível, não só quanto ao desenlace trepidante, mas quanto ao enredo em si, uma vez que a sinopse dá uma ideia errada do conteúdo. Durante o decorrer da história, o leitor sente-se orientado por uma ideia pré-concebida que acaba por não se revelar verdadeira, enganando-o à medida que se vai introduzindo numa outra linha argumental paralela. Na verdade, as sessões de hipnotismo no presente são muito poucas: é no passado que o cerne da questão se encontra. Mais do que usar o hipnotismo para obter respostas, usa o hipnotismo como veículo dos acontecimentos.

Outro aspecto a destacar são as referências a vários elementos da cultura pop actual no intrínseco do caso.

Ainda assim não pretendo ler os restantes volumes da série uma vez que, se por um lado as opiniões gerais não são tão favoráveis, por outro não fiquei o suficientemente interessado em acompanhar novos casos do comissário Joona Linna. Para já ainda tenho que ver o filme.

Classificação: 4/5

11 comentários:

  1. Gostei da review. Reconheci em parte a minha opinião relativo ao Executor (acho que é o que vem depois): Custou-me a entrar e a adaptar à escrita e há partes rebuscadas mas depois conseguiu conquistar-me :)

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  2. Ainda não li nada desta dupla, mas há muito tempo que tenho este livro na lista de próximas aquisições que por um motivo ou outro ainda não comprei. Já vi algumas opiniões que o classificam de muito bom, e outras assim como a tua... E ainda não me decidi... Acho que tenho mesmo de me atirar de cabeça ;)

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    1. Também andava de olho neste livro há muito tempo e só agora tive oportunidade de adquiri-lo. Na verdade não me arrependi, mas também não foi o melhor livro do género que alguma vez li. De qualquer forma vale a pena. Não há nada como arriscar :P

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  3. Olá José, li a tua opinião com muita atenção e gostei bastante, pois é clara, concisa e sobretudo justifica e bem todos os pontos de que não gostaste... E porque não gostaste.
    Tive as mesmas dificuldades em entrar na leitura, mais pelos nomes dos personagens e localidades, do que pelo resto. (é o que faz anos e anos de leituras em Inglês) e a habituação. A minha estreia com os nórdicos aconteceu precisamente com o Hipnotista e posteriormente com Stieg Larson (Millennium) e adorei.
    Mas já não consegui acabar Jo Nesbo por exemplo.
    Este livro é muito visual (parece um guião de cinema) depois de entrar na história ela flui naturalmente, depois não segue o padrão habitual do Policial, onde passas um livro em busca de algo. Esse algo é revelado inicialmente sem que a estória perca a piada.
    Posteriormente li: O "Executor" e já achei mais forçado. No entanto conto ler o próximo livro... sem pressas.

    Se quiseres dar um salto ao Página para leres a opinião aqui fica o link para o artigo de Março de 2012. Um grande abraço e continuação de boas leituras.
    http://nososlivros.wordpress.com/2012/03/24/o-hipnotista-lars-kepler/

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    1. Obrigado, Nuno! :D
      O nome das personagens já não me costuma dificultar tanto a leitura como costumava quando comecei a ler policiais nórdicos, mas ainda assim não reconheci logo que o Joona era um homem (teimava em ler Joana xD).
      Ainda assim, apesar do início meio difícil, gostei do livro e concordo que é muito visual, nomeadamente o desenlace.
      Vou ver a tua opinião. Como já li o livro vê-se com outros olhos ;)

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  4. Quando existem as dificuldades que referiste em relação à escrita, questiono-me se não se terá perdido algo na tradução... De qualquer das formas, o tema parece-me interessante :)

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    1. Nunca tinha pensado nessa perspectiva... É possível, mas acho que é mesmo do livro original uma vez que nas partes dos flashbacks (onde o tempo verbal é o passado) a escrita é mais fluída...

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  5. Por acaso tenho alguma curiosidade neste autor.. as sinopses são sempre muito intrigantes..
    Beijinhos*

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    1. Sim, as sinopses intrigam muito e, pelo menos em relação a este, enganam muito em relação ao rumo da história :P

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  6. Realmente me senti muito bem O Hipnotista abordar o enredo Eu acho Que um dos melhores, eu acho que tem muito un ensinar.

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