domingo, 19 de julho de 2009

Finalmente estreou o filme que, para mim, fã da cabeça aos pés, é o mais esperado do ano. Trata-se de "Harry Potter e o Príncipe Misterioso", a sexta aventura da saga!
Podem ler a seguir a minha crítica do filme, publicada no meu outro blog sobre a saga (o HPImagens), mas aviso que contém informações cruciais sobre o enredo (spoilers), portanto se estiverem interessados em ver o filme não continuem a ler este post!

Dois anos. Foi o tempo que se passou entre “Harry Potter e a Ordem da Fénix”, estreado em 2007, e este sexto filme, “Harry Potter e o Príncipe Misterioso”, que já é, tal como se previa, um dos maiores sucessos do ano nas bilheteiras de todo o mundo.
Dois anos que serviram para que o realizador David Yates provasse aos fãs insatisfeitos com o quinto filme que conseguia levar ao grande ecrã uma boa adaptação das aventuras do jovem feiticeiro e dos seus amigos. Na minha opinião, ele não só provou que podia, como fez um trabalho magnífico, que se destaca de todos os outros filmes anteriores num patamar muito mais elevado.Claro está, apenas irão concordar minimamente comigo aqueles que, como eu, vejam esta nova entrega da série como uma adaptação do livro e não uma transposição a 100% do mesmo. Quem vê os filmes desta maneira, muito provavelmente sairá da sala do cinema com uma grande desilusão, pois este é, creio eu, o menos fiel à obra original, aquele com mais cenas cortadas… Comecemos então com a análise das cenas do filme que mais se destacaram.

A destruição da Ponte Millenium, em Londres. Adorei sobretudo pelo modo como combinaram a música com o caminho que seguem as sombras dos Devoradores da Morte. Uma excelente forma de iniciar o filme e de mostrar que o regresso do Voldemort afecta tanto o mundo mágico como o muggle.

Uma das cenas que se seguem, e que mais esperei por ver, foi a do Juramento Inquebrável que, apesar de ter actuações muito boas por parte dos três actores envolvidos (Alan Rickman como Snape, Helena Bonham Carter como Bellatrix e Helen McCrory como Narcissa), desiludiu-me por a ter achado demasiado curta, quando podiam ter colocado, não digo todas, mas pelo menos algumas das questões que a Bellatrix faz ao Snape sobre a sua suposta lealdade ao Senhor das Trevas.

De seguida, analisemos as memórias do passado de Lord Voldemort. Das várias presentes no livro, apenas três foram incluídas. A primeira decorre num orfanato e mostra o primeiro encontro do Dumbledore com aquela criança desconfiada de 11 anos chamada Tom Riddle que viria a tornar-se o maior feiticeiro obscuro da História da Feitiçaria. Hero Fiennes-Tiffin é o jovem actor que o interpreta, numa actuação muito superior àquela que seria de esperar de um rapaz dessa tenra idade. De facto, o seu profundo olhar mostra que é uma criança diferente de todas as outras, tal como ele próprio suspeita.
As outras duas memórias são as do Slughorn, a verdadeira e a modificada. Nelas, um Tom Riddle já adolescente (interpretado por Frank Dillane), agora com muita mais confiança, pergunta o significado de uma palavra que encontrou enquanto lia, “Horcrux”. O discurso do estudante é de tal forma calmo e persuasivo que o professor de Poções não tem remédio se não contar o que sabe, suspeitando no entanto que acabou de cometer um erro terrível ao ver o júbilo disfarçado no rosto do Tom.

Prosseguindo com a análise do filme, nunca pensei dizer isto, mas a enorme quantidade de romance que existe é um dos pontos de que mais gostei, nomeadamente a relação Hermione/Ron/Lavender. A cena imediatamente a seguir ao beijo entre as duas últimas personagens, a da Hermione a chorar e a confessar os seus sentimentos ao Harry foi muito comovente e deu um excelente resultado. No entanto, devo apontar que uma das partes mais esperadas pelos fãs do casal Harry/Ginny, o beijo entre eles os dois, foi uma desilusão pela curtíssima longevidade. Então quando ele beijou a Cho demorou pelo menos o triplo do tempo, e quando é com a pessoa com que vai ficar no final são só cinco segundos?! Mas pronto, continuando…

Discordo com os fãs que dizem que a cena do ataque à Toca (inventada, como sabem, para o filme) não serve para nada. Nada disso, acho que essa cena mostra muito bem que, nem mesmo no Natal, estão a salvo dos Devoradores da Morte. Ou acham mesmo que a Bellatrix e o Greyback não eram capazes de atacar o Harry e companhia fora de Hogwarts, sem a protecção do Dumbledore? A cena acaba com a casa da família Weasley em chamas, com eles a verem como perdem o pouco que já têm…

Outra cena que destaco e que me fez soltar algumas gargalhadas foi a do funeral da Aragog. Daniel Radcliffe (Harry) soltou o seu lado mais cómico, mostrando uma nova faceta do actor.

Segue-se a cena que, para mim, é a melhor de todo o filme: a da Caverna. Simplesmente magnífica, uma cena com um enorme nível de qualidade. Foi tal e qual como imaginei que seria. Fiquei bastante contente por ver que foi muito fiel à obra original da J.K.Rowling. As actuações foram soberbas, tendo o actor Michael Gambon (Dumbledore) uma participação majestosa, como nunca vimos antes, reforçada pela excelente banda sonora que, aliás, mantém o mesmo grau de perfeição ao longo de todo o filme e que supera todas as outras das entregas anteriores. O velho mentor a convocar o anel de fogo ao som do notável “Inferi in the Firestorm” é uma imagem que perdurará como uma das melhores de toda a saga. O único que tenho a apontar de negativo nesta parte é que os Inferi não me parecem assim tão assustadores como diziam, acho que podiam tê-los feito melhor.

Finalmente chega o clímax do filme: a cena em que vemos pela última vez o Dumbledore com vida, a falar tranquilamente com um Draco Malfoy no alto da Torre de Astronomia enquanto que o atormentado estudante mantém-lhe apontada a varinha. É aqui sobretudo que nos apercebemos do quanto está a sofrer este aluno, condenado a fazer algo que não quer caso não queira ser ele a morrer às mãos do Senhor das Trevas. Momentos depois dos Devoradores da Morte chegarem, Snape aparece. Instala-se o silêncio que apenas é interrompido quando se ouve, numa voz muito calma, “Severus… por favor”. “Avada Kedabra!”, e um jacto de luz verde sai da ponta da varinha de Snape, vendo de seguida o corpo sem vida do velho director a ser lançado torre abaixo. Enquanto isso, ouve-se de fundo uma música que capta a essência deste comovente momento. Sem dúvida, uma cena muito forte.

Pouco tempo depois, após vermos a destruição do Salão Nobre e a casa do Hagrid a ser devorada pelas chamas, chega o momento da confissão que, infelizmente, pareceu-me ser insatisfatória, não pelo modo como o actor Alan Rickman o diz mas sim por não se sentir a essência do momento, quase passando desapercebido. Penso que bastaria terem colocado ao mesmo tempo que diz “Eu sou o Príncipe Meio-Sangue” uma faixa sonora que transmitisse uma sensação de revelação, de reviravolta na trama, como um coro ou algo do género.

De seguida, passamos a uma emotiva cena em que todos os estudantes, professores e outros membros da escola se reúnem à volta do corpo de Dumbledore. Mais uma vez, a música tem uma função notável visto que cobre-nos com uma profunda tristeza pela perdida que acabaram de ter. Em homenagem, levantam as varinhas e apagam a Marca Negra. Um grande final para uma cena que compensa a eliminação do funeral propriamente dito.

O filme acaba com o trio na Torre a dizer que no próximo ano não voltarão a Hogwarts para ir à procura dos objectos em que o Voldemort depositou parte da sua alma e com a Phawkes a atravessar o céu, agora limpo, sem nuvens. Senti, contudo, em falta a Hermione a dizer a razão do Snape ser o Príncipe Misterioso, pois quem nunca tenha lido o livro de certeza que ficou confuso quanto a essa parte.

Falando agora em termos gerais, tanto a banda sonora (composta por Nicholas Hooper) como a fotografia atingiram patamares dignas de merecerem um Óscar, pelo que dou os meus sinceros parabéns aos respectivos responsáveis.
Quanto ao elenco, para mim as melhores actuações foram, além da de Michael Gambon (Dumbledore), que já referi, a da Emma Watson (Hermione), a do Jim Broadbent (Slughorn) e a do Tom Felton (Draco), tendo este mostrado o sofrimento da sua personagem de forma muito satisfatória, principalmente no final do filme. Adorei a actuação da Emma porque apresenta-nos uma imagem excepcional dos sentimentos que nutre pelo Ron e a dor que sente quando o vê com a Lavender. Assim mesmo, Broadbent interpreta um Slughorn psicologicamente idêntico ao do livro, tão excêntrico como descrito na obra original.

Concluindo, “Harry Potter e o Príncipe Misterioso” é a penúltima aventura da série trazida ao cinema num trabalho surpreendentemente bom que nos deixa com a água na boca, ansiosos por vermos no ecrã o final que se aproxima a um passo cada vez mais rápido… Bom trabalho, Yates!

Nota final: 9/10

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