quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ninguém pode ser indiferente a esse desporto que move massas que é o futebol. Se não souberes dos últimos resultados dos jogos ou mesmo quem é o fulano tal que marcou tantos golos, é certo que ficas automaticamente habilitado a passar momentos a apanhar do ar, a ver o tempo passar enquanto um grupo troca impressões eufóricas sobre a última disputa. Existe sempre alguém que te irá dar mentalmente um rótulo após responderes que "não, não tenho nenhuma equipa preferida, não ligo muito ao futebol".

Todavia, no que se refere a conhecimentos básicos, o caso já muda de figura, claro. Aliás, se uma revista fizer uma vídeo reportagem sobre cultura geral a alguns estudantes do Ensino Superior, com questões tão simples como quem pintou a Mona Lisa ou o tecto da Capela Sistina, qual é a capital dos Estados Unidos ou o seu actual presidente, ou ainda qual é a fórmula química da água, os responsáveis serão condenados porque só mostraram as respostas erradas. E já vão com sorte se não tiverem que pagar também uma indemenização às vítimas que viram o seu nome manchado. Vá lá que graças a Deus estas estão dispostas a perdoá-los e a seguir em frente como antes.
Afinal, o objectivo da reportagem era acalmar a sociedade mostrando-lhe que dentro da Casa dos Degredos se encontra a única pessoa do país que pensa que a África é um país da América do Sul, certo?
Por outro lado, acredito que alguns dos entrevistados não tenham ido sequer verificar depois as respostas correctas. Para quê? O mini-quiz já passou...

Este é o tipo de ignorância à qual penso que o título da reportagem alude e que é mais preocupante: a ignorância, não de não saber, mas de não querer saber...
O certo é que a cultura geral é um factor que pode ser limitante, o que se pode revelar um grande impedimento nos dias que correm...

EDITADO: Se a revista Sábado pode ser acusada de mau jornalismo é porque apenas mostrou as respostas erradas e generalizou um universo inteiro de estudantes a partir de uma pequena amostra. Nisso estou de acordo.
Contudo penso que o mais preocupante aqui é o facto de que as reacções a esta reportagem tenham sido, na sua maioria, críticas aos jornalistas, sem pensar: "Ei, talvez o vídeo não esteja totalmente bem construído e o título não seja correcto, mas as pessoas que deram várias respostas erradas não são realmente algo incultas?". Porque não consigo perceber como é que alguém que chega ao Ensino Superior não sabe que a fórmula química da água é H2O (uma das entrevistadas até se desculpa a dizer que não teve nada disso no 10ºano...) ou pensa que a capital de Itália é Milão ou Veneza... É que são perguntas mesmo muito básicas...

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