Lembro-me de um Natal, teria eu quatro ou cinco anos, em que queria um robô chamado Emilio. Tenho ainda a sua viva imagem na memória: branco, dois grandes olhos vermelhos num rectângulo preto, umas placas azul e vermelha na cabeça... O Emilio, afirmava o anúncio da televisão, fazia o que desejássemos: trazia-nos o lanche, arrumava o quarto...
Qual foi o meu espanto quando, depois do Pai Natal chegar e ir embora, desci para a minha casa (os meus pais, avisados da eminente chegada do homem de fato vermelho, levaram-me para a casa da nossa vizinha Mercedes, que morava um andar acima do nosso) e reparei que não era nada disso!
Afinal o Emilio era telecomandado... O quarto continuava a ter de ser arrumado por mim...
Afinal o Emilio era telecomandado... O quarto continuava a ter de ser arrumado por mim...
Uns anos mais tarde, recordo-me de desenvolver uma tese na minha cabeça de criança que explicava como é que o Pai Natal e os Reis Magos (em Janeiro) eram
capazes de entregar todos os presentes a todas as crianças do mundo numa só noite: graças aos seus poderes mágicos, conseguiam parar o tempo! Pois claro...
No 4ºano, quando começaram a surgir algumas dúvidas relativas à existência ou não destas soberanas figuras natalícias, pedi uma prova, pelo que recebi algo que, naquela altura, me pareceu irrefutável: no mesmo envelope doirado em que eu próprio a guardara com um "Querido Pai Natal" escrito a tinta vermelha, encontrava-se a carta que escrevera no ano anterior.
Não vale a pena tentar enganar-nos: para uma criança num entorno minimamente razoável, o Natal é, sobretudo, a altura do ano em que o Pai Natal traz os presentes que o recompensam pelo seu bom-comportamento ao longo do ano. Uma criança dificilmente pensa no que está para além do seu horizonte quotidiano...
Mas para alguém que cresceu, alguém cuja criança já só existe num cantinho do seu interior, o Natal possui significados diversos, diferentes consoante os trajectos.
Alguns seguem estas festas como algo puramente religioso. Outros acham-no um momento em que a hipocrisia das pessoas atinge o seu auge, pois as acções de solidariedade tão características do Natal deviam ocorrer durante todos os dias do ano, não só quando está a acabar...
Se bem que reconheço alguma razão nesta última posição, em particular, para mim, o significado desta época deu uma volta de cento e oitenta graus, principalmente nestes dois últimos meros anos. O facto de ter ido estudar para a capital, a cerca de trezentos quilómetros da minha família, fez-me ver o Natal como uma oportunidade de estar em casa durante algumas semanas e descansar um pouco da atarefada vida da Faculdade, uma oportunidade para matar saudades e dedicar algum tempo a um que outro hobbie que ficou estacionado temporariamente, tentando sempre aproveitar o tempo da melhor forma.
Como disse num outro post, é verdade quando dizem que a vida faz-nos ver as coisas com outros olhos...
Sendo assim, resta-me dar a todos votos de Felizes Festas!
Às pequenas crianças, em cujos rostos vejo a ilusão e feliz inocência que qualquer criança devia ter o direito de possuir, espero que tenham sido boas e que o Pai Natal e os seus duendes vos tragam muitos presentes!
Aos outros, desejo que, seja qual for o significado que esta época tenha para vocês, tenham umas Felizes Festas ao pé daqueles que mais amam, partilhando o tempo com sorrisos e pondo de parte as tristezas, ajudando também, se possível, quem mais precise!
Bom Natal! ;)
Gostei muito de ler este textinho, José!
ResponderEliminarQue tenhas um óptimo Natal, e que mates as saudades todas!